Adeus crise – Os novos caminhos do mercado



2010 marcou a recuperação da indústria automotiva depois da crise  mundial


                O pior já passou. É o que se constata depois de feitas as contas. Em 2010, a indústria voltou a ter resultados positivos, depois do longo e tenebroso inverno iniciado em fins de 2008 e que durou todo o ano de 2009. A evolução do mercado global ficou na casa dos 11%, o que permitiu que 2010 tivesse números iguais aos da época pré-crise – bateu 66,7 milhões, mesmo total de 2007. Só que agora o eixo de crescimento é outro.

             A China, por exemplo, consolidou o primeiro lugar mundial nas vendas de carros com mais de 13 milhões de unidades comercializadas, um aumento de 35% sobre 2009. O Brasil também teve ótimo desempenho e assumiu o quarto lugar com 3,6 milhões de carros vendidos, 14% mais que no ano anterior. “O crescimento poderia até ser maior. Em todo o mundo ocorreu uma falta de produtos para entrega. A demanda era muito maior revela João Peart, diretor de operações da Land Rover do Brasil, marca que cresceu 26% no mundo.

                O mercado asiático se mostrou o principal responsável pelo bom rendimento em 2010. “Por isso devemos prosseguir nosso desenvolvimento internacional na China e na Índia”, declarou Philippe Varin, Presidente Mundial da PSA Peugeot Citroën. Tal investimento da marca francesa se explica. Dos 3,6 milhões de carros vendidos pela PSA no mundo no ano passado, pouco mais de 10% foi na China – exatos 375 mil. Foi o melhor desempenho da empresa fora da Europa e ajudou a fabricante a atingir o lucro operacional de 1,79 bilhão de euros, ante ao prejuízo de 689 milhões de euros em 2009. Mas há por onde crescer, já que a China representa 20% do mercado mundial.

                A América Latina veio logo em seguida na fila das regiões mais prósperas do ano. Além do Brasil, que bateu o recorde de automóveis vendidos em território nacional, a Argentina também conseguiu seu melhor resultado na história, com mais de 700 mil veículos produzidos no período. “Os países emergentes têm maior capacidade de absorção, pois tem um mercado menos saturado. Eles devem continuar conseguindo bons números até alcançarem seu limite, para depois, atingirem um crescimento mais comedido” explica Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.

                Antigo detentor do título de maior destino de vendas de carros do mundo, os Estados Unidos também começam a se reerguer depois de um período conturbado, quando em 2009 apresentaram o seu pior desempenho de vendas em 27 anos. O último ano já mostrou uma melhora. Foram 11,5 milhões de carros entregues pelas montadoras, um aumento de 11%. “Apesar do bom resultado, esses são números mentirosos. Isso porque são percentuais que incidem em números muito baixos do ano anterior” alerta Garbossa, da ADK Automotive. Vale lembrar que em 2007, antes da crise, foram vendidos mais de 15 milhões de veículos.

                Entre os mercados mais importantes, a Europa ocidental foi a única que perdeu em 2010. O continente apresentou uma queda de 5,5% nas vendas e contabilizou 14,1 milhões de automóveis novos nas ruas – quase 20% abaixo das 16,8 milhões de unidades de 2007. Como países, os destaques positivos foram Irlanda, com 54,7% de aumento, Portugal, 38,8%, e Suécia, 35,7%, enquanto que Grécia, Bulgária e Hungria tiveram as maiores retrações, com 35,8%, 28,9% e 25,1% respectivamente. “Na Europa, as pessoas ficaram mais receosas com a crise, por isso ela está demorando mais para passar por lá” aponta Leandro Radomille, diretor comercial da Audi do Brasil. A marca alemã, por sinal, superou as próprias expectativas de vendas durante 2010 e atingiu a marca de 1,1 milhão de carros vendidos. Um recorde que veio após um crescimento vigoroso de 43% no mercado chinês. Mais uma evidência do novo desenho que as vendas de automóveis estão assumindo no planeta.





Instantâneas

# A Chevrolet, marca da General Motors, fechou o ano de 2010 com 4,26 milhões de carros vendidos. Segundo a própria marca, isso significa que a cada 7,4 segundos, um novo carro da marca foi comercializado. No total, a GM comercializou 8,39 milhões de unidades.

# O Brasil é o terceiro maior mercado mundial da Renault – fica atrás apenas da Alemanha e da França. O plano da fabricante é fazer que o Brasil assuma o segundo lugar nos próximos anos.

# O Grupo Volkswagen, composto ainda de Audi, Bentley, Bugatti, Lamborghini, Seat e Skoda, entregou pela primeira vez na história mais de 7 milhões de unidades, 13,5% a mais que em 2009. Foram exatas 7,14 milhões

# O Grupo Fiat, que conta com Alfa Romeo, Ferrari, Lancia e Maserati, registrou crescimento de 12,3% e atingiu o lucro operacional de 600 milhões de euros.

# A Toyota manteve a liderança mundial em vendas entre as montadoras. Em 2010 foram 8,42 milhões de exemplares vendidos, 30 mil unidades a mais que a GM.




O verde do futuro

                A crise mundial condenou os carros grandalhões e beberrões. Usar um deles agora está sendo considerado quase tão indefensável quanto fumar. Mas é normal que, de tempos em tempos, crie-se um vilão para que depois um herói seja apresentado. E é assim que se movimenta a indústria. No caso, estes salvadores têm sido mostrados em todos os motorshows, através de protótipos movidos por tecnologias híbridas, elétricas ou por célula de combustível, os chamados carros “verdes”. “Esses carros mais ecológicos são uma tendência mundial, e mais ainda na Europa. Alguns países do continente têm até um incentivo tributário para esses modelos, para ajudar em sua popularização” exemplifica Leandro Radomille, diretor comercial da Audi do Brasil.

                E o ano de 2011 marca a chegada de vários modelos desse tipo para o público em geral. É o caso do Chevrolet Volt, um elétrico que usa um motor a explosão como auxiliar, dos puramente elétricos Nissan Leaf e Mitsubishi iMIEV e da nova geração do Toyota Prius, que passa a ser híbrido plug-in. “Esse ano começou marcará um capítulo decisivo na história da Renault, com a comercialização de três veículos elétricos, o Fluence Z.E., o Kangoo Z.E. e o Twizy” promete Alain Tissier, vice presidente da Renault do Brasil.

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