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Leonardo Henrique - W.v.C
on quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
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Bertha, esposa de Karl Benz, fez a primeira viagem na invenção de seu marido e entrou para a história
Em janeiro de 1886, Karl Benz solicitou uma patente para uma estranha invenção. Nada menos que um pequeno carro de três rodas que, surpreendentemente, não necessitava da ajuda de cavalos para se mover. Mais especificamente no dia 29 de janeiro nascia então, na Alemanha, o primeiro automóvel da história.
Como um bom inventor, Karl Benz era um homem tímido e estava incomodado com a pouca atenção comercial que sua "máquina" havia tido. Bertha, sua esposa, se deu conta disso e decidiu provar ao mundo que o Motorwagen, como era chamada sua invenção, era uma solução viável de transportes sem cavalo.
Bertha então sigilosamente "roubou" a invenção do marido e seguiu por 90 km de Mannheim, onde era sua casa, até sua cidade natal, Pforzheim. Seu objetivo era visitar sua mãe. Ela realizou a histórica travessia com seus filhos adolescentes Egene e Richard.
A viagem começou na manhã de 5 de agosto de 1888 - dois anos depois da patente do veículo. Bertha e seus filhos deixaram um bilhete para Karl que dizia: "saímos de férias e vamos ver a vovó". Mas o que não estava escrito na nota é que a viagem seria feita no triciclo motorizado que ele tinha inventado.
No percurso apareceram alguns contratempos. O primeiro era a inexistência de uma rota direta para a cidade da "avó". Bertha decidiu então fazer o trajeto seguindo a linha do trem. Quando resolvido o problema do percurso, outra questão surgiu. É que o triciclo não tinha tanque de combustível e armazenava apenas 4,5 litros de um combustível muito comum na época chamado "Ligorín", usado em lâmapadas que eram vendidas em farmácias.
A primeira farmácia encontrada pela família foi na localidade de Wiesloch, onde se carregaram do combustível. Como uma curiosidade cultural, este lugar existe até os dias de hoje e ostenta uma placa como "a primeira estação de combustível do mundo". Assim, Bertha e seus filhos continuaram a escrever a história do automóvel sem se dar conta.
No caminho surgiram mais problemas: o motor estava esquentando a todo o tempo e vazando, os freios rudimentares se desgastaram, entre outros. Bertha conseguiu resolver um por um. Para o vazamento a solução foi um alfinete de seu chapéu. Para combater o aquecimento, a ideia foi usar água para resfriar o motor. Nas estradas sem povoados por perto, a água era substituida por lama da estrada. Já os freios foram consertados por um sapateiro e, quando o caminho ficava difícil, a família empurrava os 360 quilos do triciclo.
Dois dias depois, Karl Benz ainda estava se recuperando do choque de saber que sua família estava viajando em sua invenção. A viagem de volta de Bertha e dos dois filhos foi menos complicada, já que eles já sabiam das dificuldades que encontrariam. Assim, com algumas improvisações, eles regressaram no caminho que passava por quatro povoados: Bretten, Bruchsal, Hockenheim e Schwetzingen.
Apenas 180 km bastaram para que o Motorwagen entrasse para a história. Graças aos comentários de Bertha, o sucessor do Motorwagen foi melhorado. No modelo seguinte Benz incorporou uma caixa de câmbios e os rudimentares freios foram substituídos por um mais eficiente.
O veículo que Bertha dirigiu era rudimentar, mas demosntrou ser confiável. A aparência básica era de uma carruagem puxada por cavalos. O eixo traseiro transmitia a força motriz e o dianteiro, de apenas uma roda, dava direção ao modelo. O motor tinha 462 cm3 e entregava 1,1 cv de potência, a velocidade máxima era de 18 km/h.
A partir deste ponto, Bertha ajudou Karl a ficar mais conhecido. A história de uma mulher dirigindo um triciclo que andava sem cavalos começou a se propagar e os pedidos de um "artefato" similar começaram a chegar.
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