Veja o que significam os nomes das versões


Pomposos, sofisticados ou sutis, nomes são vistos com importância pelos fabricantes
 
      Sobrenomes incomuns chamam a atenção e, às vezes, emprestam certo prestígio a quem os herda. Com os automóveis acontece algo semelhante. É que, muitas vezes, a escolha do nome de uma versão pode ser determinante para o sucesso de um modelo. Só que tal decisão não é algo simples. Envolve meses de pesquisa por parte das marcas e paciência na hora em que o registro será finalmente efetuado. "Colocar o ’sobrenome’ em um carro é praticamente um parto. Temos de entrar com a solicitação, averiguar se nenhuma outra marca utiliza a nomenclatura. Existe uma burocracia que demanda até seis meses de espera", sentencia Henrique Sampaio, gerente de marketing do produto da Volkswagen. "É preciso checar, ainda, se não haverá conotação negativa, que implique com religião, violência e ética", ensina Mario Furtado, gerente de marketing de produto da Nissan.

      Na prática, tais nomenclaturas servem basicamente de posicionamento quanto ao nível de equipamentos do modelo. E a "missão" dos "marqueteiros" é que os clientes entendam, logo à primeira vista, o que aquele determinado veículo carrega através do "sobrenome". "A ideia é que quando o comprador chegue à concessionária, não tenha dúvidas sobre o conteúdo. Serve para facilitar a vida do cliente e do vendedor", valoriza Gustavo Colossi, diretor de marketing da Chevrolet.

      Mas, nas concessionárias, o que se vê é uma espécie de "sopa de letrinhas". São tantas siglas e nomes que podem confundir em vez de ajudar. No Brasil, ainda há uma predominância de nomes, assim como no mercado europeu. Enquanto isso, nos mercados norte-americano e asiático predominam as siglas. Para facilitar esse entendimento, as fabricantes alegam que existe uma lógica no caso das siglas. Quanto mais letras, significa que o modelo é mais completo. "Não existe uma regra, mas geralmente é assim que acontece", explica Adriana Carradori, gerente de produto da Ford.

      Muitas montadoras já migraram de nomes para siglas, ou fizeram o caminho inverso. A Volkswagen, por exemplo, utilizava siglas como LS, GL, GTS, CL, CLI, GLSI nas décadas de 80 e 90. A partir do final dos anos 1990, a marca alemã começou a adotar as nomenclaturas universais: Sportline, Comfortline, Highline e o módulo Trend. Com a Fiat aconteceu o mesmo. A fabricante italiana abusava das siglas EL, ELX, HLX. Acaba de adotar um novo padrão com os nomes Vivace, Essence e Absolut. "São nomes criados pela Fiat do Brasil e que estão dando certo. O objetivo é uma padronização de todos os modelos que serão produzidos e comercializados aqui", alega Carlos Henrique Ferreira, consultor técnico da Fiat. "O nome passa diretamente a informação e o inconveniente da sigla é que, muitas vezes, não existe explicação. Se a comunicação não for bem feita, pode haver distorções", defende Henrique Sampaio, da Volkswagen.

      Aos poucos, a Chevrolet começa a abandonar nomes como Elegance, Elite, Spirit e Expression e a adotar siglas, como um padrão universal. O Agile foi o primeiro a "inaugurar" a nova fase com as versões LT e LTZ. Logo após veio o reestilizado Classic com a versão LS. "Todos os modelos lançados no Brasil daqui para a frente incluirão essas descrições. É um direcionamento que a marca tomou há dois anos e seguiremos daqui em diante. Acredito que a sigla funcione melhor, já que é mais fácil de ser lembrada", justifica Gustavo Colossi, da Chevrolet. "Independentemente do que é escolhido, essas nomenclaturas servem para agregar valor ao produto. O que importa para o cliente é o conteúdo disponível quando ele sai com o veículo da concessionária", completa Mario Furtado, da Nissan.
 
Instantâneas

# A Ford utiliza as nomenclaturas S, SE e SEL para os carros que são fabricados no México. No Brasil, recebem os "sobrenomes" os modelos New Fiesta, em sua única versão SE, Fusion e Edge, ambos na versão SEL.

# No Japão, o Nissan Livina X-Gear chama-se C-Gear. A adoção de um nome diferente ocorreu por questões fonéticas. É que os japoneses têm dificuldade na pronúncia da letra "X" falada em inglês.

# Os chamados módulos Comfortline e Sportline foram inseridos pela Volkswagen em 2001. Os primeiros veículos nomeados dessa forma foram Santana e Parati.

# O sobrenome Altis do sedã Toyota Corolla tem origem da palavra latina "Altitudinous", que significa estar no topo do mundo, ter superioridade absoluta. Não à toa, é a versão topo de linha do modelo mais vendido da marca no Brasil.

Sociedade limitada

      O cuidado que os fabricantes de veículos têm em escolher o nome das versões de catálogo já é enorme. Com versões especiais, essa atenção é redobrada. As edições limitadas são, geralmente, criadas para dar notoriedade a um produto ­ e comemorar alguma data específica, homenagear personalidades, demonstrar parcerias. Por conta das boas vendas da minivan média Livina, a Nissan criou a versão Night & Day. "Cerca de 80% das unidades vendidas do Livina são das cores preto e cinza, que podem remeter ao dia e a noite. E para comemorar o bom momento, criamos essa série, que vem bastante completa no nível de equipamento e disponível nessas duas cores", justifica Mario Furtado, gerente de marketing de produto da Nissan.

      Nessa mesma lógica de cores, a Volkswagen já lançou modelos como Golf Silver Edition e Fox Black Edition. "São veículos célebres. E a inspiração dos nomes é por conta do apreço por essas matizes", explica Henrique Sampaio, gerente de marketing do produto da Volkswagen. A francesa Renault é outra adepta da versão especial. Para se ter uma ideia, entre 2009 e 2010, lançou modelos como o Sandero Vibe, Sandero Nokia, Logan Up, Scénic Kids, Clio Get Up e Mégane Extreme. No ano passado, a Peugeot relançou o 207 Quiksilver e 307 Millesim. Na onda do filme de James Cameron, a Citroën levou às concessionárias o Xsara Picasso Avatar. Pode não ter recebido nenhum "Oscar" de "carro mais lembrado", mas explorou bem o marketing de oportunidade.
 
Veja o posicionamento e significado de algumas versões:


Ford

GL: Gran Luxo ­ é a versão de entrada do Focus.

GLX: Gran Luxo Extra ­ é a versão intermediária do Focus.

Titanium: é um nome de um metal usado em foguetes espaciais. A intenção é transmitir luxo e tecnologia ­ é a versão topo de linha do Focus.

SE: não existe um significado específico. É a versão de entrada de todos os modelos da marca fabricados no México.No Brasil, o modelo que aparece com a sigla é o New Fiesta.

SEL: não existe um significado específico. É a versão topo de linha de todos os modelos da marca fabricados no México. No Brasil os modelos que aparecem com a sigla são Fusion e Edge.

Freestyle: nome que tenta transmitir apelo de aventura e liberdade, como na liberdade Freestyle de skate. Surgiu como série especial do utilitário EcoSport e acabou entrando para o catálogo da marca.

 
Fiat

Attractive: significa "atrativo". É a versão de entrada de modelos como Palio e Idea e topo de linha do Uno.

Essence: significa "essência ou essencial". É a versão intermediária da gama da marca.

Absolute: significa "absoluto". Equivale à versão topo de linha da gama da marca.

Adventure: significa "aventura". Nome que caracteriza os carros com apelo aventureiro da gama da marca.

Sporting: significa "esportiva". Nome que caracteriza os carros com apelo esportivo da gama da marca.

 
Chevrolet

LS: não tem definição oficial, mas significa "Luxury Standard", algo como "luxo básico". É a versão de entrada na classificação da GM. No Brasil, funciona como única versão do Classic.

LT: não tem definição oficial, mas significa "Luxury Touring", algo como "turismo de luxo". É a versão intermediária na classicação da GM. No Brasil, funciona como versão de entrada do Agile e da Montana.

LTZ: o "Z", neste caso, por ser a última letra do alfabeto, representa o modelo top da gama. É a versão topo de linha de modelos como Agile e Malibu.

SS: significa "Super sport". Nome que caracteriza os carros com apelo esportivo da gama da marca. No Brasil, está representada atualmente pelo Camaro.

Joy: significa "Alegre".

Maxx: significa "Máximo".

 
Volkswagen

Trend: significa "tendência". É a versão de entrada do Gol.

Comfortline: significa "linha de conforto". É a versão topo de linha de modelos como Voyage e Polo Sedan.

Sportline: significa "linha esportiva". É a versão topo de linha de modelos como Polo, SpaceFox e Golf.

Highline: entre outros sentidos, pode ser entendido como "alta tensão" ou "alto nível". É a versão topo de linha da Amarok.

GT: significa "Gran Turismo".

GTI: significa "Gran Turismo Injection".

Citroën

GL: significa Gran Luxo. É a versão de entrada de modelos como AirCross.

GLX: significa Gran Luxo Extra. É a versão de entrada do C3 e do C4 e intermediária do AirCross.

Exclusive: significa "exclusivo". É a versão topo de linha de todos os modelos da gama da marca.

XTR: significa "Extreme", ou "extremo". É a versão aventureira do C3.

Dodge

R/T: "Road & Track", algo como "estrada e pista".

Peugeot

X-Line: algo como "experimental line", ou "linha experimental". É a versão de entrada do 207 e da Hoggar.

XR: significa "experimental research", algo como "pesquisa experimental". É a versão intermediária do 207, 207 Passion e Hoggar.

XS: algo como "extreme sport" ou "extremamente esportivo". É a versão topo de linha do 207 e 207 Passion.

Nissan

S: significa "Super". É a versão de entrada do Sentra, Livina e Tiida.

SL: significa "Super Luxo". É a versão topo de linha do Sentra, Livina e Tiida.

X-Gear: algo como "arte experimental". Nome que caracteriza o apelo esportivo do Livina.

Toyota

XLi: significa "Extra Luxo". É a versão de entrada do Corolla.

XEi: significa "Extra Executive". É a versão intermediária do Corolla.

Altis: tem origem na palavra latina "Altitudinous", que significa estar no topo do mundo. É a versão top do Corolla.

Algumas siglas globais

GL: Gran Luxo.

GLS: Gran Luxo Super.

CD: Comfort Diamond.

GLX: Gran Luxo Extra.

GSI: Gran Super Injection.

GT: Gran Turismo.

GTI: Gran Turismo Injection.

GTS: Gran Turismo Sport.

SLX: Super Luxo.

SS: Super Sport.

XLT: Extra Luxe Total.

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